Na ultima quarta-feira
(29), o médico e pesquisador Candido Pinheiro Koren de Lima, também fundador do
Sistema Hapvida Saúde, discutiu a “Origem do Povo Nordestino”, na Academia
Pernambucana de Medicina, no Derby, trazendo uma análise desse estudo com o preconceito
contra os nordestinos, que se espalhou pelo país depois da reeleição de Dilma,
vitoriosa na região.
Até agora, Pinheiro já
lançou três obras: “Simões Colaço”, “Os Liras o nome e o sangue – uma charada
familiar no Pernambuco Colonial” e “Albuquerque: A herança de Jerônimo, o
Torto”. A pesquisa para produção dos livros foi possível graças à captação de
recursos via Lei Rouanet (Ministério da Cultura), com o patrocínio do Hapvida.
Metade da tiragem de cada
um dos dez volumes (ao todo, 500 exemplares de cada título), que compõem a
“Coleção Borges da Fonseca”, será distribuída gratuitamente para instituições
de ensino, institutos históricos, universidades e para promoção dos estudos
genealógicos, tanto no Brasil como em Portugal e na Espanha. Antônio José
Vitoriano Borges da Fonseca nasceu no Recife, em 1718. Foi governador e
capitão-geral da capitania do Ceará, no período entre 1765-1782. Borges da
Fonseca morreu em abril de 1786 e foi sepultado no Mosteiro de São Bento de
Olinda.
Veja abaixo:
Por Candido Pinheiro,
médico e pesquisador
Do período colonial aos
dias de hoje, milhares de histórias permeiam a genealogia de famílias que
contribuíram para a formação do povo nordestino.
Em recente pesquisa, que
resultou em dez volumes da Coleção Borges da Fonseca, fiz um minucioso e
completo estudo, realizado nos últimos 20 anos, traçando os entroncamentos das
famílias brasileiras, sobretudo as do Nordeste, que perpetuam raízes mundo
afora, através de seus descendentes.
A formação do nosso povo é
marcada por influências de diversas culturas, costumes e religiões que foram
responsáveis por definir quem somos. Aspectos e ligações que podem até mesmo
nos surpreender, como o fato de termos uma origem que nos enlaça com o povo
judeu.
Com a pesquisa, constatei,
também, que 97% da população nordestina, do período colonial e da atualidade,
portam em si, ainda, o sangue negro muçulmano da África do Norte e muçulmano
semita. Ao lado disto, 80% possuem o sangue indígena e 2% do sangue negro
subsaariano escravo.
A formação do homem
nordestino, aliás, é basicamente igual a de todo o homem brasileiro, com
diferença apenas nas influências das imigrações mais recentes , como a alemã, a
japonesa e a italiana, que chegaram a diferentes pontos do país, fixando suas
raízes e deixando suas marcas. São brasileiros que constituem famílias e
disseminam suas origens diversas pelo Brasil e pelo mundo.
E quem, afinal, é o homem
nordestino? É essa heterogeneidade de todos os povos que aqui se misturaram
desde a colonização e esse conjunto que forma um povo mestiço. É a essência de
todo e qualquer brasileiro, inclusive. Não há razão para preconceitos, sequer
achar que algum pedaço do Brasil é diferente quanto à sua gente.
Não se pode admitir
aversão a qualquer povo, como estamos vendo, agora, com o fim das eleições
presidenciais no Brasil. Preconceito, infelizmente, existe desde que somos
gente. Sempre existiu e sempre vai haver. Porque nós nascemos e fomos criados
como brancos, mas a grande surpresa é descobrirmos que não há pureza racial.
E tanto o Sul-Sudeste
quanto o Nordeste são marcados na nossa história por dificuldades. Por aqui,
além de climáticas, muitas vezes, a problemática foi política. O Nordeste tinha
um contingente enorme de pessoas que estavam na miséria. O que Dilma Rousseff
fez foi justiça, pois deu a quem mais necessitava.
Por que não fizeram antes?
Poderia ter sido o PSDB ou outro partido a fazê-lo, mas isso não aconteceu.
Todo esse preconceito disseminado após a eleição da presidenta Dilma é
basicamente uma sandice. O povo mostrou nas urnas ser grato. Não sou nem nunca
fui eleitor do PT ou da presidenta, mas há de se reconhecer o que ela fez.
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